ES HOJE - 24 Março 2014
Gerald Thomas e Ney Latorraca juntos, novamente!
Na noite de 10 de abril, acontece no SESC Consolação – Teatro Anchieta a estreia mundial de “Entredentes”. Escrito e dirigido por Gerald Thomas, o espetáculo é uma crítica bem humorada ao horror que acontece no mundo. É também a grande volta de Ney Latorraca aos palcos num papel mediúnico e com a ação passada no Muro das Lamentações.
É a terceira vez que Gerald dirige Ney – as outras foram em “Don Juan” (1995) e “Quartett” (1996). Interpelado a respeito da nova parceira com Gerald Thomas, Ney Latorraca destaca o que chama de brecha jornalística, que permite ao autor-diretor encaixar temas quentes do noticiário: “Tem esse frescor o teatro do Gerald”, revela Ney, que divide o palco com Maria de Lima, atriz portuguesa radicada em Londres e Edi Botelho, ator que integrou a Companhia de Ópera Seca – criada em 1986 por Gerald Thomas.
“Entredentes” comemora os 50 anos de atividades artísticas de Ney Latorraca e o retorno de Gerald Thomas a frente de uma produção brasileira, desde “Kepler, The Dog – O cão que insultava mulheres” (2008).
Uma dramaturgia para atores
“Um islâmico radical e um judeu ortodoxo se encontram no Muro das Lamentações, em Jerusalém. E aí começa tudo!”, resume Gerald Thomas.
Provocado sobre como é escrever para atores, o autor e diretor Gerald Thomas explica que “é uma coisa que começou com Julian Beck, que eu dirigi em 1985, em Nova York, e que continuou com as Fernandas (Montenegro e Torres), se chama metalinguagem. Ou seja, eu escrevo para a pessoa, com as idiossincrasias que a pessoa tem. Então eu vou usar o que o ator ou a atriz tem de melhor e o que tem de pior também. Os jeitos, o fenômeno que ela é, a maravilha que ela é, mas também o seu lado negro. Dessa forma eu escrevi e dirigi “The Flash an Crash Days” (1991) para a Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, escrevi e dirigi “Um Circo de Rins e Fígados” (2005) para o Marco Nanini, escrevi e dirigi “Brasas no Congelador” (2006) para o Serginho Groissman, “Esperando Bekett” para a Marília Gabriela e tantos outros para quem eu escrevi e dirigi também. E essa metalinguagem começou na “Beckett Trilogy” (1985) que eu dirigi, com o Julian Beck, que é o fundador do Living Theatre, que é um cara que estava morrendo na vida real, já careca da quimioterapia, e no palco ele estava representando o papel de uma pessoa morrendo.”
É com essa metalinguagem – que em 1985 chamou a atenção de Heiner Müller – que Gerald Thomas escreveu “Entredentes” para Ney Latorraca, Edi Botelho e Maria de Lima. Outros atores não poderiam fazer esta peça porque Gerald Thomas a escreveu para estas três pessoas. Pessoas que ele conhece profundamente.
Houve uma quarta vez em que Gerald Thomas dirigiu Ney Latorraca
Em 1995, Gerald Thomas apresentou no recém inaugurado Centro Cultural Belém, em Lisboa a Trilogia da B.E.S.T.A., que incluía as peças “Flash And Crash Days”, ”O Império da Meias Verdades” e “Unglauber”. Ney Latorraca estava na cidade, de férias. Então Gerald o convidou para participar de uma cena de “Unglauber”. Ensaiaram ali mesmo no teatro. Foi uma cena curta, de um minuto. Mas foi o suficiente para o crítico local publicar que o melhor das três peças apresentadas, uma delas estrelada por Fernanda Montenegro, foi a participação de Ney Latorraca: Ney Latorraca Arrasa em espetáculo de Gerald Thomas, foi a manchete.
Sobre isso Gerald comenta que “até hoje essa historinha corre entre Fernandona e eu, Nanda e eu, Vera Zimmerman e eu e todos os que estavam lá. E o texto era uma única frase, repetida até a exaustão: Estavamos lá, não estavamos? Estavamos. Eu você e ele. Eu e vocês. Estavamos todos lá. Não estavamos? Estavamos? Estavamos lá, não estavamos? Estavamos. Eu você e ele. Eu e vocês. (agora com sotaque Português) Estavamos ou não estavamos? Estavamos ou não estavamos? Estavamos ou não estavamos? Estavamos ou não estavamos? Estavamos ou não estavamos?” – conclui Gerald Thomas.
Edi Botelho
Ator da primeira formação da Companhia Ópera Seca, criada por Gerald Thomas em 1986, é o artista que mais trabalhou com o dramaturgo. Também no teatro, atuou sob a direção de Aderbal Freire Filho (“O Martelo”, em 1998) e de Miguel Falabela (“Capitanias hereditárias”, em 2000 e “A Escola do Escândalo”, em 2011). Recentemente (2011/12) teve um personagem de destaque na novela “Aquele Beijo”, de Miguel Falabela, na TV Globo. Atualmente está envolvido como ator na minissérie em cinco capítulos “Maravila”, roteiro e direção de Edio Nunes e Cláudia Mauro, que conta a história dos moradores de uma vila, cujo piloto foi rodado em janeiro de 2014.
Maria de Lima
Atriz portuguesa radicada em Londres, com 20 anos de carreira em teatro, cinema e televisão. Seu primeiro envolvimento com o teatro foi aos 19 anos, nos USA. Em Londres estudou no Academy Drama School e após, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, fez a Pós-graduação em Representação no Drama Studio London. De volta aos USA, em Los Angeles estudou com Eric Kline no Tony Barr's Film Actors Workshop. Recebeu do Jornal A Capital (de Portugal), o Prêmio de Melhor Atriz de Comédia em Teatro e da Revista Sete (também de Portugal) o prêmio de Melhor Atriz de TV. Fluente em quatro idiomas (português, inglês, espanhol e francês) atua regularmente em Portugal, França, Inglaterra, USA, Bélgica e Espanha. Integrando a London Dry Opera Company, do dramaturgo Gerald Thomas, atuou em “Throats” e “Gargólios”, ambos de 2011.
Ficha Técnica
Autor e Diretor: Gerald Thomas
Elenco: Ney Latorraca, Edi Botelho e Maria de Lima
Direção de Produção: Willian Taranto
Cenografia: Gerald Thomas e Lu Bueno
Iluminação: Gerald Thomas e Wagner Pinto
Figurino e Programação Visual: Lu Bueno
Obras de Arte Projetadas: Lenora de Barros
Trilha Sonora: Gerald Thomas (com músicas adicionais especialmente compostas por Philip Glass)
Sound Designer: Tocko Michelazzo
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Assistentes de Direção: André Bortolanza e Gabriel Barone
Produção: Taranto Produções
Realização: SESC São Paulo
Serviço
Nome do espetáculo: Entredentes
Autor e Diretor: Gerald Thomas
Elenco: Ney Latorraca, Edi Botelho e Maria de Lima
Sinopse: Um islâmico radical e um judeu ortodoxo se encontram no Muro das Lamentações, em Jerusalém. Entredentes é um espetáculo de “brecha jornalística”, que permite ao autor-diretor encaixar temas quentes do noticiário mundial na fala dos atores, que interpretam a si próprios. Os personagens chamam-se Ney, Didi e Maria.
Local: SESC Consolação - Teatro Anchieta. Rua Doutor Vila Nova 245, Vila Buarque, SP
Informações: 55 (11) 3258-3830
Capacidade de público: 280 lugares
Estreia (para convidados): 10 de abril, quinta-feira, às 21h
Temporada: 10 de abril até 11 de maio. Sextas e sábados às 21h e domingos às 18h
Importante: No dia 18/4, NÃO haverá apresentacão do espetáculo.
Ingressos: R$ 35,00 (inteira), R$17,50 (meia) e R$ 7,00 (trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes).
Classificacão indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos.
Duração: 80 minutos.